No atual ambiente de trabalho, a conexão entre os valores defendidos pelo colaborador e aqueles adotados na empresa é muito mais importante do que se apresenta! O sucesso dessa empresa depende da satisfação e do engajamento de seus colaboradores, assim, um colaborador feliz é primordial para uma empresa eficaz e lucrativa.
A conexão entre os valores pessoais e os valores empresariais é um fator fundamental para garantir uma relação laboral produtiva e saudável. Embora as habilidades técnicas e o conhecimento específico de cada colaborador sejam essenciais, o alinhamento de valores é o que, muitas vezes, determina o sucesso a longo prazo.
Quando os valores de uma pessoa se alinham com os da empresa, o resultado é uma relação harmoniosa, baseada em confiança, respeito e compromisso mútuo. No entanto, quando há um descompasso entre esses valores, a relação pode se tornar desgastante e insustentável. E não estou falando apenas em questões éticas, mas de tudo que pode causar algum tipo de desacordo entre o que a pessoa pensa e o que a empresa entende.
Neste artigo, vamos discutir como essa sinergia de valores impacta a cultura organizacional, a produtividade e o bem-estar dos colaboradores.
1. O Papel dos Valores Pessoais
Os valores pessoais são os princípios e crenças fundamentais que orientam o comportamento de um indivíduo. Eles funcionam como uma bússola interna, guiando suas decisões, atitudes e a forma como se relaciona com os outros e com o mundo. Esses valores são moldados ao longo da vida, através de experiências pessoais, cultura, educação e vivências familiares. Podem incluir aspectos como honestidade, respeito, liberdade, justiça, lealdade, dentre outros.
Quando um colaborador está em um ambiente onde seus valores pessoais são respeitados e promovidos, ele se sente motivado, engajado e valorizado. Por outro lado, quando esses valores são ignorados ou violados, a frustração e o descontentamento tendem a surgir rapidamente.
Exemplo prático 1: Um funcionário que valoriza a transparência e a ética pode ter dificuldades em se adaptar a uma empresa que promove práticas obscuras ou pouco éticas. Essa desconexão pode levar a conflitos internos, baixa produtividade e, eventualmente, à saída desse profissional.
Mas não são somente questões ligadas à ética que podem caracterizar essa falta de sinergia. Vejamos outros exemplos de conflito de valores pessoais e empresariais.
Exemplo prático 2: Imagine um colaborador que valoriza fortemente o equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ele pode se sentir desconfortável em uma empresa onde se espera que os funcionários fiquem além do horário regularmente, sem essa prática ser, explicitamente, tratada como parte da cultura da organização. Mesmo que não haja má-fé por parte da empresa, essa desconexão de expectativas pode causar insatisfação.
Exemplo prático 3: Um colaborador que valoriza fortemente a criatividade e o uso de soluções fora do padrão pode se sentir limitado em uma empresa que valoriza processos rígidos e a conformidade com regras estabelecidas. Nesse caso, o colaborador pode não conseguir expressar seu potencial criativo, resultando em frustração, mesmo que a empresa não esteja agindo de maneira inadequada, mas apenas seguindo uma cultura orientada à eficiência e controle.
Exemplo prático 4: Um colaborador que valoriza a flexibilidade de horário e o trabalho remoto pode ter dificuldades em uma empresa que prioriza o trabalho presencial e horários fixos. Se o colaborador prefere trabalhar de casa, buscando um equilíbrio maior entre a vida pessoal e profissional, mas a empresa tem uma cultura que valoriza a presença física constante no escritório e segue um horário rígido, essa desconexão pode causar insatisfação, mesmo sem que a empresa esteja adotando práticas antiéticas.
Exemplo prático 5 Um colaborador que aprecia um ambiente colaborativo e de trabalho em equipe pode não se adaptar bem a uma empresa que valoriza mais o desempenho individual e competitividade interna. Se a empresa enfatiza a competição entre os colaboradores como forma de promover desempenho, pode haver um desajuste com quem prefere um ambiente mais cooperativo, levando ao desconforto e à insatisfação.
Exemplo prático 6: Um colaborador que valoriza autonomia no trabalho pode se sentir frustrado em uma empresa com uma estrutura mais hierárquica e centralizadora, onde decisões precisam passar por várias camadas de aprovação. Mesmo que essa estrutura seja necessária para o tipo de negócio, a falta de autonomia pode causar desalinhamento e desmotivação.
2. A Importância dos Valores Empresariais
Os valores empresariais, por sua vez, são os princípios que regem o comportamento de uma organização. Eles refletem a visão, missão e cultura da empresa, determinando como ela conduz seus negócios, trata seus colaboradores, clientes e parceiros, e como se posiciona no mercado.
Esses valores são essenciais para nortear as decisões estratégicas da empresa e manter a coerência entre o que ela prega e o que pratica no dia a dia. Em suma, são as diretrizes que norteiam o comportamento da empresa no mercado e no ambiente interno. Eles refletem a visão da organização sobre como alcançar seus objetivos, tratando seus colaboradores, clientes e a sociedade de forma justa e coerente.
Empresas que possuem valores claros e os promovem consistentemente tendem a atrair pessoas com alinhamento de pensamento. Além disso, a coerência entre os valores que a empresa prega e as suas práticas diárias cria uma cultura organizacional forte e coesa.
Mas há casos em que os valores do colaborador são diferentes daqueles praticados pela empresa.
Exemplo prático 7: Uma empresa que preza pela inovação deve promover um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para propor novas ideias sem medo de represálias. Isso reforça a conexão entre o discurso da empresa e sua prática. Um colaborador que preza por segurança e estabilidade pode se sentir desconfortável com o risco associado à inovação. Esse colaborador pode preferir um ambiente mais previsível, com processos bem definidos e menos espaço para erros ou incertezas, o que poderia gerar um desalinhamento de valores e causar frustração no longo prazo.
Exemplo prático 8: Uma empresa que valoriza inovação e flexibilidade, por exemplo, pode promover a experimentação e tolerar erros controlados como parte do processo de inovação. Se um colaborador valoriza segurança e estabilidade acima de tudo, ele pode ter dificuldades em se adaptar a esse ambiente, mesmo que a empresa esteja sendo totalmente transparente e aberta sobre suas expectativas.
Exemplo prático 9: Por outro lado, uma empresa que oferece horários flexíveis e a possibilidade de trabalho remoto pode atrair colaboradores que prezam por essa flexibilidade. No entanto, se um colaborador prefere a estrutura de um ambiente de escritório com interações frequentes e horários mais regimentados, ele pode se sentir perdido ou desconectado ao trabalhar de forma mais independente.
Note-se que, em vários desses exemplos, não é o colaborador ou a empresa que adota algum tipo de comportamento antiético, mas apenas têm uma visão diferente de mundo e de qual caminho é melhor e mais seguro a se seguir.
3. A Sinergia entre Valores Pessoais e Empresariais
Quando os valores pessoais e empresariais estão em sintonia, a relação laboral tende a ser mais fluida e duradoura. Essa sinergia cria um ambiente de trabalho onde o colaborador se sente parte de algo maior, contribuindo com suas competências de maneira mais efetiva e autêntica.
Esse alinhamento gera benefícios como:
- Maior engajamento: O colaborador sente que está contribuindo para um propósito maior, o que aumenta seu nível de compromisso.
- Redução de conflitos: Valores alinhados minimizam choques entre expectativas pessoais e corporativas, gerando um ambiente mais pacífico.
- Maior produtividade: Um funcionário que se identifica com os valores da empresa tende a se dedicar mais às suas funções, pois sente que seu trabalho faz sentido.
4. Quando os Valores Não Se Alinham
Por outro lado, a falta de alinhamento entre os valores pessoais e empresariais pode ser prejudicial tanto para o colaborador quanto para a organização. Isso pode resultar em:
- Desmotivação: O colaborador pode se sentir desconectado do propósito da empresa e desmotivado para realizar suas tarefas.
- Alta rotatividade: A falta de identificação com os valores da empresa pode levar a um turnover mais elevado, já que os colaboradores buscarão outras oportunidades que estejam mais alinhadas com seus princípios.
- Conflitos internos: Diferenças de valores podem gerar atritos entre colegas e líderes, o que compromete o clima organizacional e afeta a produtividade.
5. O Papel da Liderança na Promoção de Valores Alinhados
Os líderes desempenham um papel crucial na promoção e manutenção da sinergia de valores. Eles são os exemplos vivos dos valores da empresa e têm a responsabilidade de garantir que esses princípios sejam comunicados e vivenciados no dia a dia.
E isso deve acontecer desde o momento da avaliação para contratação. É papel da liderança identificar, durante o processo de recrutamento, se os candidatos compartilham valores semelhantes aos da empresa, garantindo uma cultura organizacional mais forte antes mesmo da entrada de novos colaboradores.
Sabe-se que conseguir um bom emprego está difícil. Mas o futuro colaborador também avaliar: será que essa empresa foi feita para mim? Analise seus valores, conheça seus próprios valores e verifique se um se alinha ao outro. Se se alinhar, a felicidade no trabalho é garantida; se não se alinhar, nem mesmo o melhor salário do mundo te fará feliz naquele lugar.
6. Conclusão
O alinhamento de valores pessoais e empresariais é um fator decisivo para o sucesso da relação laboral. Ele promove um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e sustentável, onde os colaboradores se sentem engajados e valorizados.
As empresas que reconhecem a importância dessa sinergia e investem na promoção de valores autênticos e consistentes, tanto internamente quanto externamente, tendem a colher os frutos de uma cultura organizacional mais forte e de um time de colaboradores mais motivado e leal.
