E essa tal de Inteligência Artificial? Muito legal mesmo, mas para que isso serve exatamente?

Por: Dercio Carvalhêda 15 de janeiro de 2025

Vamos voltar no tempo? Convido vocês para uma rápida visita à história que vai demonstrar a extrema necessidade da IA.

Antigamente as construções de habitação não tinham portas, mas os humanos primitivos já viviam sem sociedade. Eventuais ladrões começaram a entrar para roubar e portas foram colocadas; depois eles passaram a entrar pelas janelas, e viram que era preciso instalar grades. Isso não foi suficiente, pois começaram a roubar do quintal, o que levou à construção de muros altos, grades adicionais e ofendículos. Nem mesmo isso deteve os ladrões, e assim surgiram as câmeras e os alarmes que acionam a polícia ou empresas de segurança.

Esse ciclo de defesa ilustra uma constante imutável até pouco tempo: sempre agimos de maneira reativa, tomamos medidas para prevenir novos roubos (ou fraudes) apenas após o criminoso (ou fraudador) ter inovado seus métodos.

Até que chegou a inteligência artificial (IA) e seus algoritmos avançados. Agora temos a oportunidade de inverter esse jogo. Utilizando dados históricos para identificar padrões e prever eventos futuros, finalmente podemos estar um passo à frente, saindo do movimento reativo para o proativo e prevenindo, de maneira mais eficiente, o roubo e a fraude.

Fraudadores, é claro, também se beneficiam da tecnologia. Eles usam IA para encontrar vulnerabilidades em sistemas e criar estratégias mais sofisticadas de ataque. A solução? Fortalecer o uso da inteligência artificial para nos defender, para prevenir ataques. Isso reforça a importância de as organizações investirem em ferramentas de IA capazes de antecipar e neutralizar essas ameaças antes que elas causem danos reais, antes mesmo que elas aconteçam.

Um caso real de ataque não prevenido

Isso realmente acontece? Bem, vou lhe contar um caso real de uma empresa que sofreu grande prejuízo em razão de uma fraude usando inteligência artificial no longínquo ano de 2019.

Já ouviram falar em deepfake? Deepfake é uma tecnologia que usa inteligência artificial para criar vídeos, áudios ou imagens falsificados, mas altamente realistas, manipulando rostos ou vozes para imitar outra pessoa.

No caso desse golpe, os golpistas usaram deepfake de voz para enganar o diretor financeiro da empresa, imitando o CEO. A fraude resultou em uma transferência de €220.000 para uma conta fraudulenta na Hungria. Posteriormente, o dinheiro foi redistribuído para contas em outros países, dificultando (e até impedindo) a sua recuperação.

Esse caso tornou-se um alerta global. Empresas perceberam que, para se protegerem, precisam adotar medidas tecnológicas mais eficazes e implementar verificações adicionais.

Vamos falar de algumas das ferramentas de prevenção existentes, para ilustrar?

Ferramentas disponíveis para prevenção

Entre as soluções mais modernas para prevenir fraudes, destacam-se:

  • MS Authenticator e MS Video Authenticator: Autenticação de transações e identificação de manipulações visuais, como deepfakes.
  • Relativity Trace: Monitoramento de comunicações empresariais para detectar sinais de fraude ou de corrupção.
  • Sensitu AI: Avalia emoções e intenções em interações humanas, oferecendo insights valiosos, em tempo real.
  • Epiq Discovery: Auxilia na coleta e análise de grandes volumes de dados eletrônicos.

Essas ferramentas são excelentes, a empresa pode não comportar em investir numa tecnologia mais cara. Existem soluções mais acessíveis (e também mais limitadas) como ChatGPT, Gemini, CoPilot e Claude. Vejam o que essas podem ajudar por baixo custo:

  • Google Gemini: Oferece análise contextual e detecção de padrões, além de identificar manipulações em imagens e deepfakes em tempo real.
  • Microsoft CoPilot: Facilita análises integradas para negócios e identifica padrões de fraude, embora com detecção visual e sonora básicas.
  • Claude: Focado em padrões textuais, mas com funcionalidades limitadas em outros formatos.
  • ChatGPT: Oferece insights detalhados através de análise de padrões estilísticos, mas não processa diretamente imagens ou vídeos.

Todas essas ferramentas podem ser integradas a fluxos de trabalho corporativos para potencializar a detecção e prevenção de riscos. Além disso, oferecem suporte em investigações e monitoramentos em larga escala.

Mas prestem muita atenção, a tecnologia é uma ferramenta e nada além de uma ferramenta. O ser humano é o elemento mais importante numa prevenção ou numa investigação.

O sucesso na prevenção de fraudes requer a combinação de IA com uma cultura organizacional voltada para a ética e a integridade. Pessoas treinadas e engajadas são essenciais para interpretar os dados gerados pela IA e tomar decisões rápidas e eficazes.

A IA oferece uma janela para um futuro mais seguro e proativo, mas cabe às organizações adotá-las de maneira responsável e estratégica. Quando bem utilizada, a IA é a nossa maior aliada contra aqueles que insistem em explorar fraquezas e brechas.

Prevenir é sempre melhor do que remediar! E agora temos as ferramentas para fazer isso com precisão e eficiência. Escolha a que mais se encaixa na sua organização, a que dá match com a sua necessidade e sempre procure um especialista no assunto. Contar com especialistas no assunto pode evitar custos extras e trazer maior eficiência na resolução de problemas.

E sua organização, já está no presente atuando com IA ou ainda está vivendo na idade média, com procedimentos analógicos e dependente apenas da capacidade mental humana?

Publicado em: 15 de janeiro de 2025 por